O curso será realizado através da leitura completa da obra “Matéria e Memória” de Henri Bergson, comentada e relacionada a composição com temas do pensamento nômade e da filosofia da diferença.
Matéria e Memória
REVOLUÇÃO DO COTIDIANO
Por que Bergson? Qual sua atualidade? Qual sua necessidade e urgência? Como nos provoca e impacta nossos destinos? Em que sentido põe em causa nossos valores e modos contemporâneos de viver?
Bergson pertence ao rol de pensadores que valorizam sobretudo o pensamento da diferença, o pensar a diferença por ela mesma.
Para isso criou um método, o método da intuição filosófica que começa por pensar as diferenças de natureza para chegar na própria natureza da diferença e nas articulações do real.
Sem necessidade de representar a diferença, isto é, de substituí-la ou traduzi-la em imagem, Bergson a liberta dos princípios da identidade e da não-contradição.
Resgata-a do banco dos réus em que o sistema do julgamento sempre quis colocá-la.
Liberta-a dos poderes tristes e seus sistemas de referência, que a querem sob controle, capturada, subjugada e funcional.
Bergson não representa a diferença, pensa-a nela e por ela mesma. Pensa o seu ser próprio, isto é, sua natureza mesma de ser diferença sem carecer de outro ser que a explique.
Bergson pensa operando por diferença de natureza, e não por diferença de grau, para chegar a multiplicidade pura da Natureza, da qual ela é o elemento constitutivo, sem um Uno que a transcenda e a destitua de seu valor próprio ou autonomia.
Bergson começa já por pensar o corpo em sua dimensão sensório-motora, como um centro de ação, cujo princípio diferencial é constituído por um intervalo entre o movimento-problema que chega (percepção-afecção) e o movimento-resposta que sai do corpo (ação).
Esse intervalo ou distância instaura um processo de diferenciação do movimento.
Entre o estímulo vindo de fora desde a matéria percebida, até sua subdivisão pelos nervos aferentes e suas afecções internas e produções afetivas, o centro de ação impõe-se como um tensor e um retardador necessário para que uma resposta mais livre seja cada vez mais possível.
É nesse intervalo que a decomposição do movimento exterior devém uma multiplicidade de micro-estímulos sensoriais e o movimento invasor ou recebido assim digerido é reprocessado pelo centro nervoso e cria uma multiplicidade de respostas possíveis.
Assim, a inflexão do movimento operada pelo centro de ação do corpo indetermina e ramifica o movimento recebido e elabora respostas.
Quanto mais o centro de ação amplia o intervalo de movimento, mais aumenta o tempo de resposta e, consequentemente, o poder e a liberdade de fazer a diferença na ação.
Portanto, quanto maior for a capacidade do centro de ação criar distância entre o movimento invasor e a demanda por resposta, maior será a probabilidade da dimensão temporal penetrar esse intervalo de movimento e ocupar esse vazio. Portanto, maior será sua liberdade de fazer a diferença ao criar respostas inéditas gestadas no tempo, multiplicar e escolher caminhos diferenciais gerar ações potentes.
O intervalo que valoriza a indeterminação do movimento, valoriza e abre caminho para a entrada de entretempos e realidades virtuais que não estavam dadas no movimento presente.
Os entretempos emergem da realidade virtual. A realidade atual expressa na dimensão sensório-motora, geralmente impede, bloqueia ou recalca a entrada de seres de tempo da realidade virtual.
Sempre que estamos em vigília, é a realidade atual, expressa na dimensão sensório-motora do nosso corpo em vigília, quem seleciona, da realidade virtual contida em nosso passado, as memórias úteis.
Assim, apenas as imagens-lembranças que contribuem com uma resposta prática aos problemas do presente são passíveis de atualização.
Apenas essas realidades virtuais são selecionadas nesse conjunto infinito e inconsciente que constitui o nosso passado. Apenas elas furam a barreira sensório-motora do presente.
Todo um bloco com uma infinidade de camadas de espaço-tempo passado e que constitui uma face de nossa realidade virtual segue coexistindo com nosso corpo presente, sem no entanto participar dele ou ser acessado por ele.
Se a realidade virtual se constitui como um manancial energético e fonte de criação de novos devires, quais seriam as condições de ampliação de sua entrada, acesso e participação em nossa realidade presente e futura?
Nós vivemos no presente. E quando estamos em vigília, a realidade virtual está como que bloqueada, recalcada, desligada por nós pela urgência do senso prático da vida.
Quando ela tem ou se cria a oportunidade de entrar e invadir o presente? Uma dessas ocasiões é quando sonhamos, quando, através do sono, suspendemos o mecanismo sensório-motor onde a matéria que nos envolve nos mantém despertos.
Quando deixamos deixamos de ser demandados, de modo dominante, pelo campo exterior da matéria, pela percepção e pelas afecções que nos demandam responder e criar ações, como é o caso do repouso ou do sono, o mundo virtual tem ocasião para nos invadir e nos banhar.
A outra ocasião é quando entramos e conquistamos um estado de espreita ou de atenção intensificada que envolve suspensão da ação. Ou quando, como nos estados alterados de consciência, intensificamos nossa ação no tempo.
OBRA MATÉRIA E MEMÓRIA
Aulas Semanais - Início 04 de agosto
Segundas-feiras das 19 às 21h
Leitura e comentário da obra de Henri Bergson, Matéria e Memória
PDF do livro disponibilzado na área de alunos
Duração aproximada para conclusão da leitura 18 meses
Sem fidelidade, cancele quando quiser
R$ 260,00 mensais
REVOLUÇÃO DO COTIDIANO
Filósofo e esquizoanalista, Luiz Fuganti é pensador da filosofia da imanência, escritor e clínico.
Autor do livro Saúde, Desejo e Pensamento, uma referência entre as mais acessíveis introduções ao pensamento nômade.
Uma mente revolucionária na filosofia da diferença e nos modos de pensar o desejo, a ética e a política em nossas formações sociais.
Suas ideias inovadoras abrem promissores horizontes para a realização de uma vida autêntica e autônoma.
Ainda em sua juventude, Luiz Fuganti foi influenciado por grandes pensadores como Nietzsche, Deleuze e Spinoza.
Suas contribuições marcantes trazem luz para compreender as formações sociais atuais e desconstruir suas armadilhas para superar as limitações que nossa época nos impõe.
"Para mim, foi uma oportunidade ímpar. Eu leio Foucault, Deleuze e Guattari há um tempo, porém, o entendimento que você e os colegas me permitiram, com o curso, foi singular. Acho que a vida acaba tendo esse ponto, tem antes e depois da Esquizoanálise. Para mim foi de uma importância fenomenal."
Thiago Sant'Anna
"Eu tenho me desconstruído bastante. Tenho conseguido aplicar, e é muito fecundo esse conhecimento"
Julia Pazda
"Com o Fuganti eu encontrei algumas coisas que vêm sendo úteis demais para a minha vida, que realmente transformou o meu jeito de existir. Algo que deveras me pegou foi a questão da cumplicidade com os poderes. Perceber em mim as capturas e tudo mais. Isso atravessou demais a minha clínica também."
Lucas Simas Rangel
"Essa turma foi tão incrível, fizemos um grupo sólido, de amizades tão incríveis, e esse grupo continuou fazendo muitos cursos juntos. A primeira coisa que me aconteceu: eu parei de fazer terapia. Eu falei 'Não preciso mais'. O Fuganti tem uma importância muito grande na minha vida artística, na minha vida intelectual, em tudo que eu fiz."
Renata Melo
"Para mim, foi uma experiência maravilhosa, e vem sendo, estar em contato com essa abordagem do Luiz sobre os pensadores da diferença. As aulas, pela maneira didática do Luiz de se importar muito mais com os movimentos internos dos conceitos do que com sua exterioridade de reprodução e discurso de poder, faz com que se tornem ferramentas na criação e experimentação de si, pois que Esquizoanálise está sempre ligada ao social. É transformador, posto que isso vai mexer na maneira com que você se relaciona com as pessoas, a maneira como você se relaciona consigo mesmo, a maneira como você se relaciona com o seu corpo, com o tempo."
Luiz da Fonte
"A fala do Luiz é algo que sempre me impressionou porque ela é muito rica, mas é muito simples, muito clara. Luiz consegue concatenar todo esse raciocínio e fechar tudo com uma presença muito incrível. Você consegue logo perceber que ele é praticante do que ele fala. Não é uma fala acadêmica, não é uma fala idealizada, é uma fala potente, é uma fala presente."
Aline Pancieri
"O meu intuito, com o curso, foi ter um ferramental para algumas questões do meu dia a dia. E ele ofereceu ferramentas poderosíssimas, principalmente para questões envolvendo família, relações de maneira geral, e criação de filhos. O curso me forneceu uma bagagem teórica muito interessante para olhar relações familiares e relações profissionais de uma outra forma, de uma maneira não idealizada."
Guilherme Carboni
"Eu saio das aulas com muita alegria, com muita potência, querendo escrever, encontrar, querendo também me colocar em criação. Sinto uma confiança que não vem de um conhecimento pré-determinado que vai ser aplicado. É uma confiança na vida, é uma confiança no acontecimento. É essa a confiança que eu sinto que eu estou adquirindo ao longo desse último ano de curso."
Marcelo Michelsohn
Aulas Semanais
Início 04 de Agosto
Segundas-feiras das 19 às 21h
Leitura e comentário da obra de Henri Bergson, Matéria e Memória
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